Tu me deixaste nervoso,
embaraçado e receoso,
tiraste tudo do lugar.
estou pagando os teus pecados,
fico pensando,
com meus modos de janota
e a minha soberba idiota,
eu não deveria te amar.
Tu me deixas sem graça,
mulher cheirando a cachaça,
vestida de qualquer jeito,
sem a nada a combinar,
és vira-lata vistosa,
desleixada, linda, insidiosa
doendo fundo no meu peito,
por quem fui me apaixonar?
Me tiraste do sério,
me viciaste em mistério,
num suspense itinerante
numa inusitada trama,
junto a ti desconcertante
percorro a sarjeta da fama.
Me deixastes maluco,
invejando um eunuco,
de quem o ato carnal,
com o qual vives
a me rondar,
nem a tuas ancas poderosas
tua libido sulfurosa,
poderiam tal proeza consumar.
Eu, almofadinha bem formado,
tu, mulher despudorada,
pelas ruas talhada,
embriagados pelo álcool
e uma paixão incontrolável.
Estamos ambos condenados,
duas figuras antagônicas,
unidos de forma irônica,
serão longos momentos de luxúria
e cenas comoventes de renúncia,
palco de carícias sem pudor,
insólita crônica de amor.