
Um dia, quando o ócio já era possível, te disseram que você deveria andar rápido.
Você tinha mais tempo do que nunca para pensar, mas não pensou duas vezes para abraçar a ideia de que a vida não pode esperar um minuto.
Na velocidade da luz, você trocou seu álbum de fotos pela tela do celular. Num piscar de olhos, você trocou o som preguiçoso das palavras pelas batidas frenéticas dos seus polegares numa tela menor que a palma da sua mão.
Sua existência se tornou um banquete de informações que você tenta devorar em milissegundos.
Estranhamente, assim como eu, você parece satisfeito como se fosse dono da sua vida.
Se eu mesmo acredito que a ignorância se tornou facultativa depois da invenção do Google porque teria o direito de questionar o seu kkk … o seu Lindo … as suas curtidas … os seus milhares de amigos virtuais?
Se eu também me apaixonei pela Internet porque indagar a sua razão de viver de tela em tela?
Afinal um site é um lugar como outro qualquer, onde habitam imagens, sons e ideais.
No meu cinismo pergunto a você com a prepotência de quem tem a resposta.
Não tenho.
Só bateu uma nostalgia quando ouvi Djavan no Spotify.
Uma vontade insensata de parar o mundo e decretar que todos deveriam desligar os celulares pelo menos esta noite.

