Por ser conveniente
mudo o passado
todos os dias,
ora acrescento,
ora subtraio verdades.
Por ser conveniente,
condeno o futuro,
prevejo o apocalipse,
salgo a terra.
Por ser conveniente,
concedo o falso perdão,
arrasto correntes de plumas,
minto, difamo,
acabo com reputações.
Por ser conveniente,
crio e destruo
com o mesmo prazer,
os mesmos argumentos,
a mesma naturalidade.
Por ser conveniente,
compro e vendo almas,
bondosas ou cruéis
pouco importa,
há mercado para todas,
déspota, indiferente ou liberal
sou escravo do que escrevo,
é só, uma questão de conveniência.